Sentou-se na poltrona, a luz brilhando na sua vasta calva, fumando calmamente o charuto.
O gabinete apainelado a carvalho e forrado de livros possuía um reposteiro no canto mais afastado. Corrido este, ficou à vista um grande cofre reforçado a bronze. Von Bork retirou uma pequena chave da corrente do relógio e, após demorada manipulação da fechadura, abriu a pesada porta.
- Veja! - disse, com um gesto da mão, afastando-se..
A luz iluminava fortemente o interior do cofre, e o secretário da embaixada pasmou com absorto interesse ante as filas de nichos repletos de papéis. Cada nicho ostentava uma etiqueta, e os olhos do barão, ao percorrê-los, leram nomes como «Passagens a vau», «Defesas portuárias», «Aeroplanos», «Irlanda», «Egipto», «Fortes de Portsmouth», «O Canal», «Rosyth» e uma vintena de outros. Cada compartimento regurgitava de documentos e planos.
- Colossal! - exclamou o secretário, pousando o charuto e apertando devagar as mãos sapudas.
- E tudo em quatro anos, barão. Nada mau para um bebedor inveterado, para um cavalheiro doido por desportos equestres. Mas a nata da minha colecção ainda está para chegar. Já aqui tem o sítio à espera. - Apontou um nicho sobre o qual estava escrito «Transmissões navais».
- Mas você já tem um bom dossier acerca disso!
- Papéis sem interesse, desactualizados. O Almirantado, não sei como, desconfiou e mudou todos os códigos. Foi um golpe, barão... A maior derrota de toda a minha campanha. Mas, graças ao meu livro de cheques e ao prestável Altamont, tudo se comporá esta noite.