- O seu nome consta da lista diplomática. Não haverá dificuldades, nem para si nem para a sua bagagem. É possível, evidentemente que não sejamos obrigados a partir. Talvez a Inglaterra deixe a França entregue à sua sorte. Não assinaram qualquer tratado, isso sabemos nós.
- E com a Bélgica?
- Com a Bélgica também não.
Von Bork abanou a cabeça.
Não percebo como é isso possível. A ameaça é clara. A Bélgica jamais recuperaria de tal humilhação.
- Pelo menos de momento teria paz.
- Mas... e a honra?
- Então, meu caro! Vivemos numa época utilitarista. A honra é um conceito medieval. Por outro lado, a Inglaterra não está preparada. É inconcebível, mas a verdade é que nem o imposto especial de guerra de cinquenta milhões, que se diria tornar tão claro o nosso propósito como se tivéssemos anunciado na primeira página do Times, sacudiu esta gente do seu torpor. Ouve-se, aqui e além, uma pergunta; compete-me responder. Dá-se, aqui e além, por uma irritação; cabe-me acalmá-la. Mas posso garantir-lhe que no respeitante ao essencial (armazenamento de munições, preparação para ataques submarinos, meios para a produção de explosivos de alta potência) está tudo por fazer. Como pode então a Inglaterra intervir, sobretudo quando lhe instilamos um diabólico fermento de guerra civil na Irlanda, autêntica fúria devastadora, e sabe Deus que mais para a manter ocupada intramuros?
- A Inglaterra tem de pensar no futuro.
- Ah, isso é outra questão. Penso que, no futuro, teremos os nossos próprios planos, bem definidos, para a Inglaterra, e que as suas informações serão vitais para nós. Amanhã ou depois, Mr. John Bull terá de se haver connosco. Se quiser hoje, estamos absolutamente preparados; se quiser amanhã, encontrar-nos-á mais preparados ainda.
