Porém, no íntimo, guardaria ódio e raiva contra os assassinos e decerto faria tudo ao seu alcance para vingar Garcia. A minha primeira ideia foi visitá-la e tentar utilizá-la, mas... eis que se nos depara um facto trágico. Miss Burnett não foi vista por nenhum ser humano desde a noite do crime. Desapareceu sem deixar rasto. Estará viva? Terá morrido na mesma noite em que foi assassinado o amigo que convocara? Ou estará apenas prisioneira? É isto que devemos descobrir.
» Está a ver a dificuldade da situação, Watson. Não temos nada capaz de substanciar um mandado de captura. Todo este nosso raciocínio não passará de uma fantasia aos olhos de um magistrado. O desaparecimento da mulher não significa coisa nenhuma porque, nesta casa extraordinária, é normal que um dos seus habitantes se ausente por uma semana. E, no entanto, a vida dela pode, neste momento, correr perigo. Só me resta vigiar a casa e deixar o meu agente, Warner, de guarda aos portões. Não podemos deixar que a situação se arraste. Se a lei é impotente, corramos nós os riscos!
- Que sugere?
- Sei qual é o quarto dela. Podemos lá chegar através do topo de um alpendre. Sugiro que você e eu vamos lá esta noite, ver se conseguimos penetrar no coração do mistério.
Não era, devo confessar, uma perspectiva muito aliciante. A velha casa com a sua atmosfera de crime, os seus estranhos, singulares habitantes, os perigos desconhecidos que nos esperavam, o facto de nos colocarmos, em termos legais, numa posição falsa, tudo contribuía para me arrefecer o ânimo. Mas havia algo no impecável e frio raciocínio de Holmes que tornava impossível a uma pessoa recusar as aventuras que propunha. Eu sabia que assim, e só assim, acharíamos a solução do caso.