Capítulo 3: A AVENTURA DA CAIXA DE CARTÃO
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Desci ao seu beliche e vi-o sentado sobre um baú, com a cabeça escondida entre as mãos, a balouçar-se para trás e para diante. É um sujeito enorme, robusto, de cara rapada e muito morena - algo parecido, que nos ajudou no caso da lavandaria falsa. Deu um salto quando soube ao que eu ia. Levei o apito à boca para chamar dois agentes da polícia marítima que aguardavam ao dobrar da esquina, mas ele, sem ponta de ânimo, estendeu-me vagarosamente as mãos para que eu as algemasse. Conduzimo-lo à cela, bem como ao baú, por pensarmos que poderia conter algo de incriminador; porém, tirando uma grande e bem afiada faca como a que todos os marinheiros usam, nada mais valeu o nosso incómodo. Todavia, não precisaremos de mais provas porque, ao comparecer perante o inspector, na esquadra, pediu licença para fazer uma declaração que foi, evidentemente, tomada na íntegra pelo nosso estenógrafo. Ficámos com três copias dactilografadas, uma das quais lhe envio. O caso demonstra-se, como aliás sempre pensei, extremamente simples, mas agradeço-lhe a sua ajuda na minha investigação. Com os melhores cumprimentos, Sinceramente seu, G. LESTRADE. - Hum... A investigação foi realmente simples - observou Holmes -, mas não creio que lhe tenha parecido assim quando recorreu a nós. Vejamos então o que Jim Browner tem a dizer... Aqui está a declaração que fez perante o inspector Montgomery, na esquadra de Shadwell. Na íntegra, o que é óptimo. «Se tenho alguma coisa a dizer? Sim, tenho muito a dizer. Quero confessar tudo. Enforquem-me ou deixem-me em paz, tanto se me dá. Não prego olho desde que fiz aquilo e creio que não voltarei a pregar até fechar os olhos de vez. Umas vezes é a cara dela, mas quase sempre são as orelhas.
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