Ficou deitado no sofá enquanto eu corri a contar o que aconteceu.
- Interessantíssimo - disse Holmes. - Ele reparou no aspecto desses homens, ouviu-os falar?
- Não. Ainda está tonto. Só sabe que foi levantado do chão como por magia e lançado fora, do trem como por magia. Eram pelo menos dois, talvez três.
- E a senhora relaciona o ataque com o seu hóspede?
- Bem, vivemos na mesma casa há quinze anos e nunca tal nos aconteceu. Estou farta dele! O dinheiro não é tudo. Vou pô-lo na rua antes que o dia acabe!
- Um momento, Mrs. Warren. Não se precipite. Começo a pensar que este caso pode ser muito mais importante do que à primeira vista parecia. Tornou-se evidente que algum perigo ameaça o seu hóspede. É também claro que os seus inimigos, à espreita junto da sua porta, Mrs. Warren, o confundiram com o seu marido à luz enevoada da manhã. Ao descobrirem o engano, libertaram-no. O que teriam feito se não se tivessem enganado, sé o podemos imaginar.
- Que devo fazer, Mr. Holmes?
- Gostava muito de ver esse seu hóspede, Mrs. Warren.
- Não sei como será isso possível, a não ser que arrombe a porta. Ouço-o sempre fechá-la à chave quando desço a escada, depois de lhe levar a bandeja.
- Ele tem de levar a bandeja para dentro. Podíamos esconder-nos e vê-lo.
A mulher reflectiu por um momento.
- Há um quarto de arrumações em frente. Eu podia arranjar um espelho, talvez, e se o senhor se pusesse atrás da porta...
-Excelente! - disse Holmes. – A que horas almoça ele?
- Cerca da uma, sir.
- O Dr. Watson e eu apareceremos a tempo. Para já, Mrs. Warren, adeus.
Ao meio-dia encontrávamo-nos à porta da casa de Mrs. Warren - um edifício alto e estreito de tijolo amarelo, em Great Orme Street, uma rua apertada a nordeste do Museu Britânico.
