»Dias mais tarde foi a reunião. Gennaro voltou dela com uma cara que me indicou ter acontecido algo de terrível. Era pior do que se poderia imaginar. Os fundos da sociedade eram obtidos através de chantagem exercida sobre italianos ricos e da ameaça de represálias violentas se recusassem o dinheiro. Parece que Castalotte, o nosso querido amigo e benfeitor, fora contactado. Recusara-se a ceder às ameaças e avisara a polícia. Foi então decidido que haveria de servir de exemplo a outras vítimas que pensassem em revoltar-se. Na reunião, foi acordado dinamitar a sua casa com ele lá dentro. Tirou-se à sorte quem devia executar a missão. Gennaro viu o rosto do nosso cruel inimigo a sorrir-lhe quando meteu a mão no saco. Não há dúvida de que estava tudo viciado, pois a rodela de papel com o círculo vermelho, o mandado do crime, surgiu na sua mão. Gennaro teria que matar o seu melhor amigo ou expor-se-ia, e expor-me-ia, à vingança dos camaradas. Fazia parte das regras demoníacas a punição daqueles que temiam ou odiavam, atingindo não só as suas pessoas mas também as que elas amavam; era o conhecimento disto que pairava, aterrorizante, sobre a cabeça do meu pobre Gennaro e quase o enlouquecia de apreensão.
»Passámos essa noite sentados e abraçados, dando força um ao outro para enfrentarmos os perigos que nos aguardavam. A noite seguinte fora fixada para o ataque. Pelo meio-dia, meu marido e eu íamos a caminho de Londres, depois de Gennaro ter avisado o nosso benfeitor do risco que corria e prevenido a polícia do que se tramava, de modo a proteger a vida de Castalotte para o futuro.