A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 4: A AVENTURA DO CÍRCULO VERMELHO Pág. 83 / 210

»Ele contou-me, e o meu coração gelava à medida que o ia ouvindo. O meu pobre Gennaro, nos seus tempos insensatos e ardentes de juventude, quando todos pareciam estar contra si e o seu espírito quase enlouquecia perante as injustiças da vida, entrou para uma sociedade napolitana, o Círculo Vermelho, aliada da velha Carbonária. Os juramentos e segredos desta Irmandade eram terríveis mas uma vez no seu seio era impossível escapar. Quando fugimos para a América: Gennaro pensou que se libertara para sempre. Ora qual não foi o seu horror ao encontrar, uma noite, na rua o homem que o iniciara em Nápoles, o gigante Gorgiano, um homem que merecera o nome de «Morte» no Sul de Itália de tal maneira as suas mãos estavam tintas de sangue! Viera para Nova lorque fugido à polícia italiana e fundara já uma filial da temível sociedade na sua nova pátria. Gennaro contou-me tudo isto e mostrou-me uma convocatória recebida no próprio dia, com um círculo vermelho ao alto, anunciando que em determinada data se reuniria uma loja e ordenando-lhe que comparecesse.

» Isto já era mau, mas o pior estava para vir. Eu já há algum tempo que reparava que quando Gorgiano nos visitava, o que era constante, à noite, falava muito para mim; e mesmo quando se dirigia a meu marido, aqueles seus olhos terríveis abrasadores, violentos, estavam sempre pregados nos meus. Uma noite, revelou o seu segredo. Eu despertara nele aquilo a que ele chamava «amor»: o amor de um bruto, de um selvagem. Gennaro ainda não havia regressado quando ele chegou. Entrou violentamente, apertou-me nos braços poderosos, comprimiu-me num abraço de urso, cobriu-me de beijos e implorou-me que fugisse com ele. Eu debatia-me e gritava quando Gennaro entrou e o atacou.





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