- Pequenos roubos não faltam - disse eu. 
Holmes resmungou o seu desprezo. 
- Este importante e sombrio cenário é digno de algo mais importante - respondeu ele. - Esta comunidade nem imagina a sorte que tem por eu não ser criminoso. 
- Lá isso... 
- Supondo que eu era Brooks ou Woodhouse, ou qualquer um dos cinquenta homens que possuem boas razões para me tirarem a vida; quanto tempo poderia sobreviver à minha perseguição? Um chamamento, uma cilada e tudo estaria acabado. Ainda bem que não há nevoeiro assim nos países latinos... as terras do assassínio. Por Deus! Eis finalmente alguma coisa para quebrar esta terrível monotonia. 
Era a criada com um telegrama. Holmes abriu-o e rompeu numa gargalhada. 
- Muito bem, muito bem! Que se passará? O meu irmão Mycroft vem aí. 
- Porque não? - perguntei. 
- Porque não? É como se você deparasse com um carro eléctrico numa estrada de província. Mycroft tem os seus carris e nunca sai deles. A sua residência de Pall Mall, o Diogenes Club, o Whitehall. É esse o seu ciclo. Só uma vez veio aqui. Que súbito e grave acontecimento o terá obrigado a alterar a rotina? 
- Ele não diz? 
Holmes passou-me o telegrama do irmão. 
Tenho que falar contigo acerca de Cadogan West. Vou já ter aí. 
- Cadogan West? O nome não me é estranho... 
- A mim não me diz nada. Mas isto de Mycroft aparecer, quebrando todas as suas regras... É como se um planeta tivesse abandonado a sua órbita! A propósito, você sabe quem é Mycroft? 
Lembrava-me vagamente de uma explicação na altura de A Aventura do Intérprete Grego.
- Você disse-me que ele trabalhava para o Governo britânico, um cargo sem importância. 
Holmes riu por entre dentes.