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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 50

Alguma falta de ar fez-me olhar para os cilindros de oxigénio, e fiquei surpreendido com o que vi. As areias das nossas vidas estavam a passar muito devagar. Algures durante a noite Challenger tinha trocado o tubo do terceiro para o quarto cilindro. Agora ficou claro que também aquele estava praticamente esgotado. Aquela sensação terrível de constrição estava a abater-se sobre mim. Corri para o outro lado e, desenroscando o tubo, mudei-o para o nosso último cilindro. No momento em que o fiz a minha consciência pesou, pois senti que se tivesse contido a minha mão talvez eles tivessem morrido enquanto dormiam. Porém, o pensamento foi banido pela voz da senhora que estava na sala interior, a gritar:

- George, George, estou a sufocar!

- Está tudo bem, Sr.ª Challenger - respondi eu, quando os outros se levantaram. - Acabei de abrir um cilindro novo.

Mesmo num momento de tanta tensão não pude deixar de sorrir para Challenger, que, com um grande pulso moreno em cada olho parecia um bebé enorme e peludo, acabado de despertar de um sono profundo. Summerlee tremia como um homem com malária, medos humanos que se sobrepunham por instantes ao estoicismo do homem de ciência ao aperceber-se da sua posição. Porém, Lorde John estava tão frio e alerta como se tivesse acabado de se levantar numa manhã de caça.

- Quinto e último - disse ele, olhando de relance para o tubo. - Não me diga, jovem amigo, que tem estado a escrever as suas impressões nesse papel que tem no joelho.

- Apenas alguns apontamentos para passar o tempo.

- Bem, não acredito que ninguém a não ser um irlandês fizesse uma coisa dessas. Presumo que terá de esperar até que aquela pequena irmã ameba cresça antes de encontrar um leitor. Neste momento ela não parece ligar muito as coisas. Bem, professor, quais são as perspectivas?

Challenger estava a olhar para as grandes correntes de nevoeiro matinal que cobriam a paisagem. Aqui e ali as colinas arborizadas erguiam-se como ilhas cónicas para fora deste mar espesso.

- Poderia ser uma mortalha - disse a Sr.ª Challenger, que tinha entrado em roupão. - Há aquela tua canção, George, «Festejem a saída dos velhos com toque de sinos, festejem a entrada dos novos com toque de sinos». Foi profética. Mas os senhores estão a tremer, meus pobres queridos amigos. Eu estive quente sob um cobertor durante toda a noite, e os senhores frios nas vossas cadeiras. Mas vou já pôr-vos bem.

A pequena criatura corajosa afastou-se apressadamente, e ouvimos o assobio de uma chaleira. Pouco depois ela voltou com cinco canecas fumegantes de chocolate quente numa bandeja.

- Bebam isto - disse ela. - Vão sentir-se muito melhor. E assim foi. Summerlee perguntou se podia acender o cachimbo, e todos fumámos cigarros. Acalmou-nos os nervos, creio, mas foi um erro porque tornou a atmosfera terrível naquele quarto abafado. Challenger foi obrigado a abrir o ventilador.

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Capa do livro O Dia em que o Mundo Acabou
Páginas: 72
Página atual: 50

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 18
Capítulo 3 31
Capítulo 4 44
Capítulo 5 53
Capítulo 6 65