Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: Capítulo 5

Página 54

- Não me parece que o facto de aquiescer ou não valha um chavo - comentou Lorde John. - Tem de aceitar, quer aceite a lutar ou apático, por isso que importa se aquiesce ou não? Não me recordo de alguém lhe ter pedido autorização antes de a coisa começar, e não me parece que alguém lhe peça agora. Portanto, que diferença pode fazer o que pensamos do assunto?

- É apenas toda a diferença entre felicidade e infelicidade - disse Challenger, com uma expressão alheada, ainda a acariciar a mão da mulher - Podem nadar com a maré e ter paz de mente e espírito, ou podem atirar-se contra ela e ficar magoados e cansados. Esta coisa ultrapassa-nos, por isso aceitemo-la como ela é e não digamos mais nada.

- Mas que diabo faremos com as nossas vidas? - perguntei eu, a apelar, desesperado, para o céu azul e vazio. - Que vou eu fazer, por exemplo? Não existem Jornais, por isso a minha vocação chegou ao fim.

- E não há nada para caçar, nem mais serviço militar, por isso a minha também chegou ao fim - disse Lorde John.

- E não há alunos, por isso a minha também acabou - exclamou Summerlee.

- Mas eu tenho o meu marido e a minha casa, por isso posso agradecer ao Céu por não ser o fim da minha - disse a senhora.

- E a minha também não chegou ao fim - declarou Challenger -, pois a ciência não está morta, e esta catástrofe em si irá oferecer-nos muitos mais problemas absorventes para investigação.

Ele tinha aberto as janelas de par em par e estávamos a contemplar a paisagem silenciosa e imóvel.

- Deixem-me pensar - continuou ele. - Foi aproximadamente às três horas, ou um pouco depois, ontem à tarde, que o mundo entrou finalmente na cintura de veneno a ponto de ficar completamente submerso. São agora nove horas. A questão é, a que horas saímos dela?

- O ar estava muito mau ao nascer do Sol - disse eu.

- Mais tarde do que isso - disse a Sr.ª Challenger. - Até às oito horas senti distintamente o mesmo sufoco na garganta que senti no princípio.

- Então, digamos que passou logo depois das oito horas.

Durante dezassete horas o mundo esteve ensopado de éter venenoso. Durante esse período de tempo o Grande Jardineiro esterilizou o molde humano que tinha crescido à superfície do Seu fruto. Será possível que o trabalho tenha ficado incompleto... que outros possam ter sobrevivido para além de nós próprios?

- Era nisso que estava a pensar - disse Lorde John, - Por que seríamos os únicos seixos na praia?

- É absurdo supor que alguém para além de nós próprios possa ter sobrevivido - disse Summerlee, com convicção. - Pensem que o veneno era tão virulento que até um homem que era tão forte como um boi, e não tem um único nervo no corpo, como aqui o Malone, quase não conseguiu subir as escadas antes de ficar inconsciente. É provável que alguém conseguisse suportar dezassete minutos de veneno, quanto mais dezassete horas?

- A menos que alguém tivesse previsto o que se aproximava e se tivesse preparado, como o nosso velho amigo Challenger fez.

<< Página Anterior

pág. 54 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Dia em que o Mundo Acabou
Páginas: 72
Página atual: 54

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 18
Capítulo 3 31
Capítulo 4 44
Capítulo 5 53
Capítulo 6 65