O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 4: A Aventura da Ciclista Solitária Pág. 107 / 363

Venha comigo e salvá-la-emos, nem que o meu cadáver fique em Charlington Wood.

E correu em terrível aflição por uma abertura na sebe, de pistola na mão. Holmes seguiu-o e eu, deixando o cavalo a pastar junto à estrada, corri atrás de Holmes.

- Foi por aqui que vieram - disse ele, apontando para pegadas feitas por vários pés no carreiro lamacento. - Eh! Pare um instante! Quem é que está neste arbusto?

Era um jovem com cerca de dezassete anos, vestido como um moço de estrebaria, com perneiras e cordões de couro. Estava deitado de costas, com os joelhos erguidos e um terrível corte na cabeça. Estava inconsciente mas vivo. Ao olhar para o ferimento, percebi que não atingira o osso.

- É Peter, o groom - exclamou o estranho. - Era ele que conduzia a carruagem. Aquelas bestas puxaram-no para fora da carruagem e feriram-no. Deixem-no ficar aí; não lhe podemos fazer nada, mas talvez a possamos salvar a ela do pior destino que uma mulher pode ter.

Corremos desesperadamente pelo caminho que serpenteava pelo meio das árvores. Ao chegarmos à zona cheia de arbustos que rodeava a casa, Holmes estacou.

- Eles não foram para dentro de casa. Estão aqui as suas pegadas à esquerda... aqui, junto ao loureiro. Ah!, foi como eu disse.

Ao falar, ouviu-se o grito agudo de uma mulher - grito esse que vibrou com um frenesi de horror - vindo da direcção de uma das moitas espessas e verdejantes à nossa frente. O grito terminou subitamente na nota mais alta com um ruído de estrangulamento e uma espécie de murmúrio.

- Por aqui! Por aqui! Estão no campo de jogos - gritou o estranho, correndo pelo meio dos arbustos. - Ah, cães cobardes! Sigam-me, meus senhores! Demasiado tarde! Demasiado tarde! Que raio!

Entrámos subitamente numa linda clareira verdejante cercada de velhas árvores.





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