O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 5: A Aventura da Escola Priory Pág. 130 / 363

Acabara de amanhecer quando acordei e vi a figura alta e esguia de Holmes junto da minha cama. Estava vestido e, aparentemente, já saíra.

- Já examinei o relvado e o barracão das bicicletas - disse. - Também dei uma volta por Ragged Shaw. Bom, Watson, há cacau preparado na sala ao lado e peço-lhe que se apresse, pois temos um dia muito importante à nossa frente.

Os seus olhos brilhavam e estava corado com o entusiasmo que o mestre sente ao ver o trabalho à sua frente. Era um Holmes muito diferente, aquele homem activo e entusiástico, do sonhador introspectivo e pálido de Baker Street. Senti, ao olhar para a sua figura ágil, cheia de energia nervosa, que de facto nos esperava um dia pleno de actividade.

E, no entanto, enfrentámos a mais negra decepção. Cheios de esperança, atravessámos a charneca turfosa e com uma tonalidade ferrugenta, cortada por inúmeros carreiros, até chegarmos à faixa larga e verde-clara que assinalava o pântano que se estendia até Holdernesse. Se o rapaz tivesse ido para casa, teria certamente passado por aqui e não podia ter passado sem deixar vestígios. Mas não se viam quaisquer indícios dele ou do alemão. Com uma expressão cada vez mais sombria, o meu amigo avançou pela margem do pântano, observando atentamente cada marca lamacenta na sua superfície coberta de musgo. Havia uma profusão de carreiros e, num sítio, alguns quilómetros mais abaixo, viam-se os rastos de vacas. Mais nada.

- Contratempo número um - disse Holmes, olhando aborrecido para a vasta extensão da charneca. - Há outro pântano ali ao fundo e uma zona estreita no meio. Olá! Olá! Olá! Que é que temos aqui?

Estávamos numa pequena fita negra de caminho. A meio, claramente marcado na terra húmida, via-se a impressão de uma bicicleta.





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