- Mas não posso andar.
- Então, vá ao pé-coxinho.
A atitude do Sr. Reuben Hayes estava longe de ser amistosa, mas Holmes aceitou-a com excepcional bom humor.
- Olhe, meu bom homem - disse -, estou numa situação bastante desagradável. Tanto me faz a forma de prosseguir caminho.
- A mim também - disse o soturno estalajadeiro.
- Trata-se de uma questão muito importante. Dar-lhe-ia uma moeda de ouro se me cedesse uma bicicleta.
O estalajadeiro deixou transparecer o seu interesse.
- Para onde é que quer ir?
- Para Holdernesse Hall.
- Amigos do duque, não? - disse o homem, olhando para a nossa roupa suja de lama com uma expressão irónica.
Holmes riu-se com um ar bem disposto.
- Seja como for, ele ficará satisfeito por nos ver.
- Porquê?
- Porque lhe levamos notícias do filho desaparecido.
O estalajadeiro teve um sobressalto.
- Quê, descobriram-lhe a pista?
- Foi visto em Liverpool. Calculam apanhá-lo a qualquer momento.
Deu-se de novo uma súbita alteração no seu rosto grosseiro e por barbear. Subitamente, a sua atitude tornou-se expansiva.
- Tenho menos razões para desejar bem ao duque que a maioria das pessoas - disse -, pois já fui seu cocheiro principal e bem mal ele me tratou. Foi ele quem me despediu, fiando-se apenas na palavra de um mentiroso de um comerciante de trigo. Mas fico contente por o jovem lorde ter sido visto em Liverpool e ajudá-lo-ei a levar as boas novas ao Hall.
- Obrigado - disse Holmes. - Mas primeiro comeremos qualquer coisa. Depois, pode ir buscar a bicicleta.
- Não tenho nenhuma bicicleta.
Holmes mostrou-lhe uma moeda de ouro.
-Já lhe disse, homem, não tenho bicicleta alguma. Empresto-vos dois cavalos para irem até ao Hall.