- É impossível - disse Holmes.
- Ora esta, ora esta, que infelicidade! - exclamou Milverton, tirando da algibeira uma volumosa carteira. - Não posso deixar de pensar que as senhoras estão a ser mal aconselhadas em não fazerem um esforço. Olhe para isto! - Ergueu um bilhete com um brasão no sobrescrito. - Isto pertence a... bem, talvez não seja justo eu dizer o nome até amanhã de manhã. Mas nessa altura estará já nas mãos do marido da senhora. E tudo porque ela não tem a mísera soma que conseguiria se vendesse os seus diamantes e mandasse fazer uma cópia. É, de facto, uma pena. Bom, lembra-se do súbito rompimento do noivado entre Sua Excelência a Menina Miles e o coronel Dorking? Dois dias antes do casamento, vinha um parágrafo no Morning Post a anunciar que este não se realizaria. E porquê? É quase incrível, mas a absurda quantia de mil e duzentas libras teria resolvido a questão. Não acha lamentável? E vejo-o a si, um homem de bom senso, a discutir condições quando o futuro e a honra da sua cliente estão em jogo. Surpreende-me, Sr. Holmes.
- O que eu disse é verdade - respondeu Holmes. - Não é possível dispor do dinheiro. Com certeza que é mais preferível para si aceitar a quantia substancial que lhe ofereço que arruinar a carreira desta senhora sem beneficiar nada com isso.
- Aí é que o senhor está enganado, Sr. Holmes. A denúncia da situação trar-me-á indirectamente consideráveis benefícios. Tenho oito ou dez casos semelhantes entre mãos. Se constar entre os interessados que dei como severo exemplo o caso de Lady Eva, todos eles se mostrarão muito mais razoáveis. Está a ver o meu ponto de vista?
Holmes saltou da cadeira.
- Ponha-se por detrás dele, Watson! Não o deixe sair! Agora, Sr.
