O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 7: As Aventuras de Charles Augustus Milverton Pág. 185 / 363

Milverton, vejamos o conteúdo dessa carteira.

Milverton tinha deslizado tão rapidamente como uma ratazana para o lado oposto da sala, e encostara-se à parede.

- Sr. Holmes, Sr. Holmes - disse, abrindo o casaco e mostrando a coronha de um grande revólver que saía da algibeira interior -, já estava à espera que fizesse qualquer coisa original. Isso já foi tentado tantas vezes, e que resultados é que deu? Garanto-lhe que estou armado até aos dentes e absolutamente preparado para utilizar as minhas armas, sabendo que a lei me apoia. Além disso, a sua suposição de que eu traria as cartas comigo nesta carteira é absolutamente errónea. Agora, meus senhores, tenho uma ou duas entrevistas esta tarde e Hampstead ainda fica longe. - Deu um passo em frente, pousou a mão no revólver e voltou-se para a porta. Eu peguei numa cadeira, mas Holmes abanou a cabeça e eu voltei a pousá-la. Com uma ligeira vénia, um sorriso e um piscar de olhos, Milverton abandonou a sala e, instantes depois, ouvimos a porta da carruagem fechar-se e o barulho das rodas enquanto esta se afastava.

Holmes ficou sentado, imóvel, à frente da lareira com as mãos enfiadas nos bolsos das calças, com o queixo encostado ao peito e os olhos fixos nas brasas incandescentes. Ficou quieto e calado durante meia hora. Depois, com o gesto de quem tomou uma decisão, pôs-se rapidamente de pé e dirigiu-se ao quarto. Instantes depois, um jovem trabalhador, de porte desajeitado, com uma barbicha rala e andar gingão, acendeu o seu cachimbo de barro no candeeiro antes de sair para a rua.

- Voltarei quando puder, Watson - disse; desaparecendo na noite. Compreendi que tinha iniciado a sua campanha contra Charles Augustus Milverton, mas longe de mim imaginar a estranha forma que essa campanha iria assumir.





Os capítulos deste livro