O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 7: As Aventuras de Charles Augustus Milverton Pág. 186 / 363

Durante alguns dias, Holmes entrou e saiu a várias horas sempre com o mesmo disfarce, mas, para além de comentar que passava o tempo em Hampstead e que não era tempo perdido, eu nada mais sabia sobre o que estava a fazer. No entanto, e finalmente, num fim de tarde de temporal violento, em que o vento uivava e batia contra as-janelas, Holmes regressou da sua última sortida e, depois de tirar o disfarce, sentou-se à lareira e riu-se com gosto, quase silenciosamente, como era seu hábito.

- Diria que eu era um homem virado para o casamento, Watson?

- Não, de forma alguma!

- Terá, então, certamente interesse em saber que estou noivo.

- Meu caro amigo! Dou-lhe os para...

- Da criada de Milverton.

- Santo Deus, Holmes!

- Precisava de informações, Watson.

- Mas certamente foi longe de mais!

- Foi um passo absolutamente necessário. Sou um canalizador com um negócio próspero, e dou pelo nome de Escott. Fui passear com ela todas as noites e falei com ela. Santo Deus, aquelas conversas! No entanto, consegui saber tudo o que queria. Conheço a casa de Milverton como a palma da minha mão.

- Mas a rapariga, Holmes?

Ele encolheu os ombros.

- Não podemos fazer nada, meu caro Watson. É preciso jogar as cartas da melhor maneira quando tanta coisa está em jogo. No entanto, alegro-me por ter um rival que me odeia e que certamente avançará no instante em que eu lhe virar costas. Está uma noite magnífica!

- Gosta deste tempo?

- Serve os meus fins, Watson, tenciono assaltar a casa de Milverton esta noite.

Sustive instintivamente a respiração por um instante e fiquei com a pele fria ao ouvir aquelas palavras, proferidas num tom de absoluta determinação.





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