O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 7: As Aventuras de Charles Augustus Milverton Pág. 187 / 363

Como um relâmpago na noite ilumina todos os pormenores de uma paisagem selvagem, também eu vi de repente o que me parecia ser todos os resultados possíveis de tal acção - Holmes ser apanhado, preso, a sua honrada carreira terminando num fracasso irreparável, ficando o meu amigo à mercê do odioso Milverton.

- Por amor de Deus, Holmes, pense no que faz - exclamei.

- Meu caro Watson, já pensei maduramente no problema e nunca sou precipitado nas minhas acções. Tão pouco recorreria a uma via tão enérgica e, de facto, tão perigosa, se tivesse outra alternativa. Estudemos a questão com clareza e lucidez. Creio que admitirá que esta acção é moralmente justificável, embora tecnicamente criminosa. Assaltar a sua casa não é mais que tirar-lhe à força a carteira do homem... uma acção em que estava disposto a ajudar-me.

Pensei no que acabara de ouvir.

- Sim - respondi -, é moralmente justificável desde que o nosso objectivo não seja tirar outros objectos senão aqueles que são utilizados para fins ilícitos.

- Exactamente. Dado que é moralmente justificável, apenas tenho de considerar o risco pessoal. Certamente que um cavalheiro não se preocupará com isso quando uma senhora necessita desesperadamente da sua ajuda!

- Ficará numa situação tão falsa.

- Bom, isso faz parte do risco. Não há outra forma possível de recuperar as cartas. A infeliz senhora não dispõe do dinheiro e não tem família em quem possa confiar. Amanhã é o último dia antes de o prazo expirar e, a menos que consigamos obter as cartas esta noite, o vilão cumprirá a sua ameaça e arruiná-la-á. Assim, ou abandono a minha cliente à sua sorte ou terei de jogar esta última cartada. Aqui entre nós. Watson, é um duelo entre Milverton e eu.





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