Ele teve, como você bem viu, a vitória na primeira mão, mas o meu respeito próprio e a minha reputação levam-me a lutar até ao fim.
- Bom, não me agrada a solução, mas aceito que tenha de ser assim - disse eu. - Quando é que partimos?
- Você não vem.
- Então, você também não vai - respondi.- Dou-lhe a minha palavra de honra... e nunca a traí em toda a minha vida... de que apanharei uma carruagem e irei à esquadra da polícia denunciá-lo a menos que me deixe compartilhar consigo esta aventura.
- Não me pode ajudar.
- Como é que sabe? Não pode saber o que vai acontecer. Seja como for, a minha decisão é essa. Não é só você que tem respeito próprio ou mesmo uma reputação a defender.
Holmes mostrou-se aborrecido, mas depressa a sua expressão se desanuviou e deu-me uma palmada no ombro.
- Pronto, meu caro, assim seja. Compartilhamos esta sala há alguns anos e seria divertido acabarmos por compartilhar a mesma cela. Sabe. Watson, não me importo de lhe confessar que sempre pensei que eu daria um criminoso altamente eficiente. Esta é a oportunidade da minha vida nesse sentido. Veja! - Holmes tirou um pequeno estojo de couro de uma gaveta e abriu-o, mostrando-me uma série de instrumentos brilhantes. - Isto é um dos mais modernos estojos de arrombamento, com um pé de cabra com banho de níquel, um corta-vidro de ponta de diamante, várias chaves e todos os modernos apetrechos que a marcha da civilização exige. Está aqui também a minha lanterna. Está tudo em ordem. Tem um par de sapatos que não façam ruído?
- Tenho sapatos de ténis com sola de borracha.
- Excelente! E uma máscara?
- Posso fazer duas máscaras de seda preta.
- Vejo que tem uma aptidão natural para este tipo de coisa.