Holmes e eu pusemos os nossos trajes a rigor para sermos eventualmente confundidos com duas pessoas que tinham ido ao teatro e que se dirigiam para casa. Em Oxford Street apanhámos uma carruagem e fomos até determinada morada em Hampstead. Aí chegados, pagámos ao cocheiro e, com os sobretudos abotoados, pois estava um frio terrível e o vento parecia penetrar em nós, caminhámos ao longo do parque.
- Este é um caso que precisa de ser tratado com toda a delicadeza - disse Holmes. - Os documentos estão num cofre no escritório do tipo e o escritório é a antecâmara do seu quarto. Por outro lado, como todos os homens baixos que se tratam bem, ele dorme profundamente. Agatha... que é a minha noiva... diz que corre a piada entre todos os criados de que é impossível acordar o seu amo. Ele tem um secretário que se dedica totalmente aos interesses de Milverton e que nunca sai do escritório durante todo o dia. É por isso que vamos lá de noite. O tipo tem ainda uma besta de um cão que anda à solta no jardim. Encontrei-me com Agatha bastante tarde nas duas últimas noites e ela prendeu o animal para eu poder sair à vontade. É esta a casa, no meio daquela propriedade que também lhe pertence. Passa-se pelo portão... depois à esquerda pelo meio dos loureiros.