A lareira estava acesa nesta nova sala e o ar estava de novo saturado de fumo de charuto. Holmes entrou em bicos de pés, esperou que eu o seguisse e, depois, fechou a porta com todo o cuidado. Estávamos no escritório de Milverton e uma outra porta ao fundo indicava a entrada do quarto.
O lume na lareira estava vivo e iluminava bem a sala. Perto da porta vi um interruptor eléctrico, mas, mesmo que fosse seguro utilizá-lo, era desnecessário. De um dos lados da lareira havia um pesado cortinado que tapava a janela que víramos do exterior. Do outro lado havia uma porta que comunicava com a varanda. Ao centro, havia uma secretária com uma cadeira de girar de couro vermelho-brilhante. Em frente, havia uma grande estante com um busto de mármore de Atenas no topo. Ao canto, entre a estante e a parede, estava um alto cofre verde, e a luz da lareira fazia brilhar os seus botões de metal brilhante. Holmes dirigiu-se para o cofre e observou-o. Depois, foi silenciosamente até à porta do quarto e, com a cabeça inclinada, escutou atentamente. Não se ouvia qualquer som vindo do interior. Entretanto, pensei que seria aconselhável garantir a nossa retirada pela porta exterior, portanto, examinei-a. Para meu espanto, não estava nem fechada à chave nem trancada. Toquei no braço de Holmes e ele virou o rosto coberto com a máscara nessa direcção. Vi-o fazer um gesto de espanto, pois obviamente ficara tão surpreendido como eu.
- Não me agrada - murmurou, encostando os lábios ao meu ouvido. - Não consigo perceber, mas, seja como for, não temos tempo a perder.
- Posso fazer alguma coisa?
- Sim, fique junto da porta. Se ouvir alguém, feche-a do lado de dentro e podemos fugir pelo mesmo caminho por onde viemos.