O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 10: A Aventura do «Pince-Nez» Dourado Pág. 269 / 363

- Está, com certeza, a brincar, Sir Sherlock Holmes. Obriga-me a dizer-lhe que este assunto é demasiado sério para que possa ser tratado de tal maneira.

- Forjei e testei cada elo da minha cadeia, professor Coram, e tenho a certeza de que ela é resistente. Ainda não lhe posso dizer quais são os seus motivos ou exactamente o papel que desempenhou nesta estranha questão. Provavelmente, ouvi-lo-ei da sua própria boca. Entretanto, reconstituirei o que se passou, para que saiba qual é a informação de que ainda preciso.

»Ontem, uma senhora entrou no seu escritório. Vinha com a intenção de se apossar de certos documentos que estavam no seu armário. Tinha uma chave deste armário. Tive oportunidade de examinar a sua chave e não encontrei nela a ligeira descoloração que o arranhão feito no verniz teria produzido. Assim, o senhor não era seu cúmplice e ela veio, tanto quanto as provas o indicam, sem seu conhecimento, para o roubar.

O professor soprou uma nuvem de fumo com os lábios.

- Isto é extremamente interessante e instrutivo - disse. - Tem mais alguma coisa a acrescentar? Com certeza que, ao descobrir essa senhora, também me pode dizer o que é que lhe aconteceu.

- Tentarei. Em primeiro lugar, ela foi agarrada pelo seu secretário e apunhalou-o com a faca para lhe escapar. Estou inclinado a considerar esta catástrofe como um infeliz acidente, pois estou convencido de que a senhora não tinha intenção de infligir um ferimento tão grave. Um assassino não aparece desarmado. Horrorizada com o que fizera, fugiu desnorteada da cena da tragédia. Infelizmente para ela, perdera os óculos na luta e, como é extremamente míope, estava perdida sem eles. Correu por um corredor, que pensou ser o mesmo por onde viera.





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