O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 10: A Aventura do «Pince-Nez» Dourado Pág. 270 / 363

.. ambos estavam atapetados com juta... e só demasiado tarde é que se apercebeu de que fora pelo caminho errado e que tinha a saída cortada. Que é que ela podia fazer? Não podia voltar para trás. Não podia ficar onde estava. Continuou. Subiu uns degraus, abriu uma porta e viu-se no seu quarto.

O velho professor estava boquiaberto, olhando desnorteado para Holmes. Espanto e medo dominavam as suas feições expressivas. Depois, com um esforço, encolheu os ombros e começou a rir com um riso falso.

- Isso está tudo muito bem, Sr. Holmes - disse. - Mas há uma pequena falha na sua excelente teoria. Eu próprio estava no meu quarto donde não saí durante todo o dia.

- Tenho consciência disso, professor Coram.

- E quer dizer que eu podia estar deitado e não me aperceber de que uma mulher tinha entrado no meu quarto?

- Não disse isso. O senhor apercebeu-se. Falou com ela. Reconheceu-a e ajudou-a a fugir.

O professor voltou a rir nervosamente. Tinha-se levantado e os seus olhos brilhavam como brasas.

- Está louco! - exclamou. - Está a dizer loucuras. Ajudei-a a fugir? Onde é que ela está agora?

- Está aqui - disse Holmes apontando para uma grande estante a um canto do quarto.

Vi o velho levar as mãos à cabeça, uma terrível convulsão marcar o seu rosto sombrio e deixar-se cair na cadeira. Nesse instante, a estante para a qual Holmes apontara girou sobre dobradiças e uma mulher irrompeu no quarto.

- Tem razão! - exclamou num estranho sotaque estrangeiro.

- Tem razão! Estou aqui.

Estava toda suja de pó e de teias de aranha provenientes das paredes do seu esconderijo. Também o seu rosto estava sujo, mas nem em circunstâncias ideais se poderia dizer que fosse bonita, pois tinha as características físicas exactas que Holmes afirmara, além de ter um longo queixo obstinado.





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