- Quem é o senhor?
- Sou Cyril Overton.
- Então, foi o senhor que me mandou o telegrama. O meu nome é Lorde Mount-James. Vim o mais depressa que o autocarro de Rayswater me trouxe. Então, contratou um detective?
- Sim, senhor.
- E está na disposição de suportar essa despesa?
- Não tenho a menor dúvida de que o meu amigo Godfrey, quando o encontrarmos, o fará.
- E se não o encontrarem? Responda-me a isso.
- Nesse caso, sem dúvida que a família dele...
- Nem pense nisso! - gritou o homenzinho. - Não conte que lhe dê sequer um tostão. Nem um tostão! Que isso fique bem claro. Sr. Detective! Sou o único familiar que esse jovem tem e digo-lhe que não assumo qualquer responsabilidade financeira. Se ele tem uma fortuna a herdar, isso deveu-se ao facto de eu nunca ter desperdiçado dinheiro, e não tenciono começar agora a fazê-lo. Quanto a esses papéis de que se apropriou, o senhor será responsabilizado por aquilo que fizer com eles.
- Muito bem - disse Sherlock Holmes. - Entretanto, permite-me que lhe pergunte se o senhor tem alguma teoria sobre o desaparecimento do jovem?
- Não, senhor, não tenho. Ele já tem idade e tamanho suficientes para cuidar de si próprio e, se foi tão idiota que se tenha perdido, recuso-me em absoluto a aceitar a responsabilidade de o procurar.
- Compreendo perfeitamente a sua posição - disse Holmes, com um olhar traquino. - Talvez o senhor não compreenda a minha. Godfrey Staunton parece-me ser um homem pobre. Se foi raptado, não o podia ter sido pela sua fortuna. A fama da sua riqueza correu mundo, Lorde Mount-James, e é absolutamente possível que uma quadrilha de ladrões tenha raptado o seu sobrinho a fim de obter informações sobre a sua casa, os seus hábitos e a sua fortuna.