Os dois estadistas trocaram um breve olhar e as sobrancelhas hirsutas do primeiro-ministro franziram-se.
- Sr. Holmes, o sobrescrito é comprido, pouco volumoso e azul-claro: Tem um selo de lacre vermelho com um leão preparando-se para saltar. Está dirigido numa letra grande e arrojada a...
- Lamento - disse Holmes -, mas por mais interessantes e, na realidade, essenciais que sejam esses pormenores, as minhas investigações têm de ir ao cerne da questão. Que era essa carta?
- Isso e um segredo de Estado da maior importância e lamento não lho poder dizer, além de não achar que seja necessário. Se, com a ajuda dos poderes que se diz que o senhor tem, puder encontrar, esse sobrescrito que descrevi com o seu conteúdo, o seu país ficará em dívida para consigo e merecerá a recompensa que estiver ao nosso poder dar-lhe.
Sherlock Holmes levantou-se com um sorriso.
Os senhores são duas das pessoas mais ocupadas do país - disse - e eu próprio, em menor medida, tenho também muitas coisas a tratar. Lamento profundamente não os poder ajudar neste caso e seria uma perda de tempo continuarmos esta entrevista.
O primeiro-ministro levantou-se rapidamente com um lampejo feroz nos seus olhos, perante o qual muitos ministros se tinham já retraído.
- Sr. Holmes, não estou habituado - começou, mas conseguiu dominar a sua ira e voltou a sentar-se. Ficámos sentados, em silêncio, durante mais de um minuto. Depois, o velho estadista encolheu os ombros. - Temos de aceitar as suas condições, Sr. Holmes. Sem dúvida que o senhor tem razão e não seria razoável da nossa parte esperar a sua colaboração se não confiarmos totalmente em si.
- Concordo consigo - disse o estadista mais novo.