Bom, se a tal carta estivesse por aí... não, não pode estar por aí... mas se não está, onde é que pode estar? Quem é que a tem? Por que é que está a ser retida? Essa é a pergunta que me está a martelar no cérebro. Foi, de facto, uma coincidência o Lucas ter sido morto na noite em que a carta desapareceu? A carta chegou-lhe às mãos? Se sim, por que é que não está no meio dos seus papéis? A sua louca mulher levou-a consigo? Se sim, estará na sua casa de Paris? Como é que eu a podia procurar sem que a Polícia francesa suspeitasse? Este é um caso, meu caro Watson, em que a lei é tão perigosa para nós como os criminosos. Temos todos contra nós e, no entanto, os interesses em jogo são colossais. Se o concluir com êxito, ele será indubitavelmente a coroa de glória da minha carrieira. Ah!, as últimas notícias da frente! - Leu apressadamente o bilhete que lhe acabara de ser entregue. - Olá! O Lestrade parece ter observado algo com interesse. Ponha o chapéu, Watson, e iremos ambos a Westminster.
Foi a minha primeira visita à cena do crime - uma casa alta, velha e de frente estreita, com ar formal e sólido, como o século em que fora construída. O rosto de bulldog de Lestrade olhou-nos da janela da frente e cumprimentou-nos calorosamente quando um grande polícia nos abriu a porta e nos mandou entrar. A sala para onde fomos conduzidos era aquela onde fora cometido o crime, mas não se viam já quaisquer vestígios deste, salvo uma mancha feia e irregular na carpeta. A carpeta era quadrada, de qualidade inferior. e ocupava o centro da sala, tendo à sua volta uma larga extensão de belo e antigo soalho, constituído por blocos quadrangulares de madeira muito bem encerada. Por cima da lareira, via-se uma magnífica colecção de armas, uma das quais fora usada na trágica noite.