O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 2: O Caso do Construtor de Norwood Pág. 36 / 363

- Mas terei de ficar com o preso e devo avisá-lo de que qualquer coisa que ele diga poderá ser utilizada como prova contra ele.

- Não quero outra coisa - disse o nosso cliente. - A única coisa que peço é que me ouçam e reconheçam a verdade absoluta.

Lestrade olhou para o relógio.

- Dar-lhe-ei meia hora - disse.

- Em primeiro lugar, devo explicar que não sabia nada acerca do Sr. Jonas Oldacre - disse McFarlane. - Conhecia o seu nome, pois a minha família conheceu-o há muitos anos, mas depois afastaram-se. Assim, foi com profunda surpresa que ontem, pelas três da tarde, o vi entrar no meu escritório aqui em Londres. Mas fiquei ainda mais espantado quando ele me revelou o objectivo da sua visita. Tinha consigo várias folhas de papel, tiradas de um bloco, manuscritas... aqui estão elas... e pô-las em cima da minha secretária.

- Aqui está o meu testamento - disse. - Quero que o senhor, Sr. McFarlane, lhe dê forma legal. Ficarei aqui sentado até acabar.

- Comecei a copiar as folhas manuscritas e poderão imaginar o meu espanto quando verifiquei que, apenas com determinadas reservas, ele me tinha deixado a mim todos os seus bens. Era um homem pequeno e estranho, como um fuinha, com pestanas brancas, e quando olhei para ele vi que os seus olhos cinzentos me fitavam com uma expressão divertida. Mal podia acreditar no que via ao ler os termos do testamento; mas ele explicou-me que era solteiro, praticamente sem parentes vivos; que conhecera os meus pais durante a sua juventude e que sempre ouvira falar de mim como sendo um jovem merecedor, tendo a certeza de que o seu dinheiro ficaria em boas mãos. É claro que apenas pude gaguejar os meus agradecimentos. Terminei o testamento, que foi devidamente assinado e testemunhado pelo meu empregado.





Os capítulos deste livro