O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 2: O Caso do Construtor de Norwood Pág. 39 / 363

Holmes pegou nas folhas que constituíam a minuta do testamento e estava a observá-las com o maior Interesse.

- Há alguns pontos interessantes neste documento, não acha, Lestrade? - disse, estendendo-lho.

O detective olhou para as folhas com uma expressão intrigada.

- Consigo ler as primeiras linhas e estas a meio da segunda página e mais uma ou duas no fim. Essas estão claramente escritas - disse -, mas a letra das restantes partes é muito irregular e há sítios que não consigo decifrar de todo.

- E que é que isso lhe sugere? - perguntou Holmes.

- Bom, que é que lhe sugere a si?

- Que o documento foi escrito num comboio. A letra firme corresponde às estações, a letra tremida ao andamento do comboio e as partes quase ilegíveis as passagens por cruzamentos. Um perito dir-lhe-ia- imediatamente que estas folhas foram escritas numa linha suburbana, pois só nas proximidades de uma grande cidade é que existe uma sucessão tão frequente de cruzamentos de linhas. Admitindo que a viagem inteira foi dedicada a redigir o testamento, então, o comboio era um comboio expresso, parando uma única vez entre Norwood e London Bridge.

Lestrade começou a rir.

- O senhor ultrapassa-me quando começa a apresentar as suas teorias, Sr. Holmes - disse. - E que relação é que isso tem com este caso?

- Bom, corrobora a história do nosso jovem no que se refere ao testamento feito por Jonas Oldacre ter sido elaborado na sua viagem de ontem. É curioso... não acha?, que um homem faça um documento tão importante como este de uma forma tão displicente. Faz crer que ele considerava que não iria ter grande importância prática. Se um homem faz um testamento que não tenciona que venha a ser aplicado, fá-lo desta forma.





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