O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 2: O Caso do Construtor de Norwood Pág. 40 / 363

- Bom, elaborou simultaneamente a sua sentença de morte - disse Lestrade.

- Acha que sim?

- Não acha?

- Bom, é possível, mas para mim o caso ainda não está claro.

- Não está claro? Bom, se este caso está claro para si, então que é que poderia ser mais claro? Temos um jovem que, subitamente, toma conhecimento de que, se determinado homem mais velho morrer, será herdeiro de uma fortuna. Que é que ele faz? Não diz nada a ninguém, mas arranja forma, sob um pretexto qualquer, de visitar o seu cliente nessa noite. Espera até que a única outra pessoa da casa se deite e, na privacidade do quarto desse homem, assassina-o, queima o corpo na madeira acumulada na estância e dirige-se a um hotel próximo. As manchas de sangue no quarto e também na bengala são muito ligeiras. Provavelmente pensou que seu crime não seria sangrento e esperou que, se o corpo fosse queimado, conseguiria esconder todos os vestígios do método da morte... vestígios esses que, por qualquer razão, fariam recair as suspeitas sobre ele. Tudo isto não é óbvio?

- Parece-me, meu caro Lestrade, que é um pouco demasiado óbvio - disse Holmes. - O senhor não acrescenta a imaginação às suas outras grandes qualidades, mas se conseguisse, por instantes, pôr-se no lugar deste jovem, será que escolheria a própria noite em que o testamento foi feito para cometer o seu crime? Não lhe Pareceria perigoso estabelecer uma relação tão estreita entre os dois casos? Mais, escolheria uma ocasião em que se sabe que está na casa da vítima, depois de a governanta o ter recebido? E, finalmente, tomaria cuidados extremos em esconder o corpo, deixando, no entanto, a sua própria bengala a assinalar que era o criminoso? Confesse, Lestrade, que tudo isto é altamente improvável.





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