O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 2: O Caso do Construtor de Norwood Pág. 41 / 363

- Quanto à bengala, Sr. Holmes, sabe tão bem como eu que um criminoso muitas vezes se atrapalha e faz coisas que um homem a agir de cabeça fria não faria. Muito provavelmente teve medo de voltar ao quarto. Apresente-me outra teoria que se coadune com os factos.

- Podia facilmente apresentar-lhe meia dúzia - disse Holmes. - Esta, por exemplo, é muito possível e até bastante provável. Ofereço-lha como presente. O homem mais velho está a mostrar documentos que são obviamente valiosos. Um vagabundo que passa vê-o através da janela, pois o estore só está meio corrido. Sai o advogado. Entra o vagabundo! Pega numa bengala que vê no quarto, mata Oldacre e foge depois de queimar o corpo.

- Porque é que o vagabundo havia de queimar o corpo?

- Por essa ordem de ideias, por que é que McFarlane o faria?

- Para esconder uma prova do crime.

- Possivelmente, o vagabundo queria ocultar o facto de o crime ter sido cometido.

- E por que é que o vagabundo não roubou nada?

- Porque se tratava de documentos que ele não podia transaccionar.

Lestrade abanou a cabeça, embora me parecesse que a sua, atitude fosse já de menos segurança absoluta que anteriormente.

- Bom, Sr. Sherlock Holmes, pode procurar o seu vagabundo e, enquanto o faz, nós manteremos o nosso homem sob prisão. O futuro mostrará quem tem razão. Repare neste pormenor, Sr. Holmes: tanto quanto sabemos, nenhum dos documentos foi roubado e o preso é a única pessoa no mundo que não tem qualquer razão para os roubar, pois, como herdeiro legal, acabaria, em qualquer circunstância, por ficar na sua posse.

O meu amigo pareceu ficar impressionado com este comentário.

- Não pretendo negar que, em certos aspectos, as provas reforçam fortemente a sua teoria - disse.





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