- Apenas quis referir que há outras teorias possíveis. Como disse, o futuro decidirá. Bom dia! Penso que durante o dia passarei por Norwood para saber dos seus progressos.
Depois de o detective se ir embora, o meu amigo levantou-se e preparou-se para o trabalho com o ar decidido de quem vai enfrentar uma tarefa que lhe agrada particularmente.
- A minha primeira diligência, Watson - disse, ao vestir o casaco -, será, como afirmei, ir a Blackheath.
- E por que não Norwood?
- Porque neste caso temos um incidente singular que segue muito de perto outro incidente singular. A polícia está a cometer o erro de concentrar a sua atenção no segundo, pois é este que é, de facto, o incidente criminoso. Mas para mim é evidente que a forma lógica de abordar o caso é começar por fazer luz sobre o primeiro incidente... o curioso testamento feito tão subitamente e contemplando tão inesperado herdeiro. Isso poderá contribuir para simplificar os acontecimentos que se seguiram.
- Posso acompanhá-lo?
- Não, meu caro, não acho que possa ajudar. Não existe qualquer perspectiva de perigo, senão não sonharia em empreender qualquer acção sem si. Estou confiante de que, quando nos encontrarmos logo à tarde, já lhe poderei anunciar que consegui fazer algo pelo desafortunado jovem que se lançou sob a minha protecção.
Já era tarde quando o meu amigo regressou e apercebi-me, logo que o vi, pela sua expressão preocupada e abatida, de que a grande esperança que tinha ao partir não se concretizara. Tocou violino durante uma hora, tentando acalmar a sua irritação. Finalmente, pôs de lado o instrumento e começou a fazer um relato circunstanciado das suas desventuras.
- Está tudo a correr mal, Watson.