O senhor disse que era uma prova definitiva, e de facto era, mas num sentido absolutamente diferente. Eu sabia que, na véspera, essa marca não estava lá. Presto sempre grande atenção aos pormenores, como já terá tido oportunidade de ver, e eu tinha examinado o
hall, tendo a certeza de que ali nada havia. Assim, a marca fora feita durante a noite.
- Mas como?
- De uma forma muito simples. Quando os sobrescritos foram lacrados, Jonas Oldacre fez que McFarlane fixasse o lacre de um deles, pondo o polegar no lacre mole. Era uma coisa que podia ser feita rápida e naturalmente, e diria mesmo que o jovem nem sequer se lembra desse pormenor. É muito provável que tenha sido isto o que aconteceu e que o próprio Oldacre não soubesse bem como é que utilizaria essa marca. Ao meditar sobre o caso, já no esconderijo, ocorreu-lhe subitamente que podia arranjar uma prova absolutamente inegável contra McFarlane utilizando a marca do seu polegar. Era a coisa mais simples do mundo, tirar a impressão digital a partir do lacre, humedecê-la com sangue obtido com uma simples picadela no dedo e, durante a noite, pôr essa marca na parede, quer com a sua própria mão, quer com a da sua governanta. Se examinar os documentos que ele levou para o esconderijo, apostarei consigo que encontrará o lacre com a marca do polegar de McFarlane.
- Maravilhoso! - disse Lestrade. - Maravilhoso! É tudo claro como cristal da forma como o senhor apresenta os factos. Mas qual foi o objectivo deste complicado embuste, Sr. Holmes?
Era divertido observar como a atitude arrogante do detective mudara para a de uma criança que faz perguntas ao seu professor.
- Bom, não creio que isso seja muito difícil de explicar.
