O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 3: A Aventura dos Dançarinos Pág. 72 / 363

Sem retorquir, Holmes correu para uma carruagem e durante os longos dez quilómetros de viagem não abriu a boca. Raras vezes o vi tão deprimido. Mostrara-se inquieto durante a viagem de comboio, e reparei que folheara os jornais da manhã com ansiedade e atenção, mas a súbita concretização dos seus temores deixou-o melancolicamente desanimado. Recostou-se no banco, imerso em sombrias especulações. E, no entanto, havia à nossa volta coisas de grande interesse, pois atravessávamos uma região bem peculiar da Inglaterra, onde algumas pequenas casas de campo representavam a população actual, enquanto inúmeras e enormes igrejas com campanários quadrados se erguiam na paisagem plana e verdejante, atestando a glória e prosperidade da velha Anglia Oriental. Finalmente, a orla violeta do oceano alemão apareceu junto à costa verde de Norfolk e o cocheiro apontou com o chicote duas antigas empenas de tijo e madeira que se erguiam no meio de um outeiro.

- Riding Thorpe Manor é ali - disse.

Ao aproximarmo-nos da porta da frente, reparei na parte da frente, ao lado do court de ténis, o barracão preto das ferramentas e o relógio de sol sobre um pedestal, com os quais tão estranhas associações estabelecêramos. Um homem pequeno e garboso, com uma atitude viva e atenta e bigode tratado, acabara de descer de um cabriolé. Apresentou-se como sendo o inspector Martin, da Esquadra de Norfolk, e ficou bastante admirado ao ouvir o nome do meu companheiro.

- Caramba, Sr. Holmes, o crime só foi cometido às três horas da madrugada.