O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 3: A Aventura dos Dançarinos Pág. 86 / 363

- Não tenho nada para lhes esconder, meus senhores - disse.

- Se alvejei o homem, ele também disparou contra mim e isso não é assassínio. Mas se pensam que feri a mulher, então não sabem nada nem a meu respeito nem dela. Digo-lhes que nunca houve no mundo homem que amasse mais uma mulher do que eu a amei. Tinha o direito de a ter. Há anos que me estava prometida. Quem era este inglês para se meter entre nós? Digo-vos que tinha direito sobre ela acima de qualquer um e que apenas reclamei o que era meu.

- Ela rejeitou a sua influência sobre ela ao descobrir o homem que o senhor é - disse Holmes severamente. - Fugiu da América para lhe escapar e casou-se com um honrado proprietário aqui em Inglaterra. O senhor seguiu-a e fez-lhe a vida negra, no intuito de a convencer a abandonar o marido que ela amava e respeitava para fugir consigo - um homem que ela temia e odiava. Acabou por provocar a morte de um nobre homem e por levar a mulher ao suicídio. São essas as suas responsabilidades neste caso, Sr. Abe Slaney, e responderá por elas perante a justiça.

- Se a Elsie morrer não me importo com o que me venha a acontecer - disse o americano. Abriu uma das mãos e vi um bilhete amarrotado na palma da mão. - Veja - exclamou, com um vislumbre de suspeita no olhar -, não está a tentar acobardar-me em relação a tudo isto, pois não? Se a senhora está tão mal como diz quem é que escreveu este bilhete? - E atirou o papel para cima da mesa.

- Fui eu que o escrevi para fazer que cá viesse.

- O senhor escreveu-o? Não há ninguém no mundo fora da Organização que conheça o segredo dos dançarinos. Como é que o escreveu?

- Aquilo que um homem inventa, outro homem pode desvendar - disse Holmes.





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