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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 102
são promulgadas com o único intento de que cada homem fique conviventemente informado dos seus direitos e deveres. Ora a interpretação cheia de subtilezas e habilidades é acessível a pouca gente e só esclarece um pequeno número, enquanto as leis formuladas com clareza e simplicidade são facilmente compreendidas por todos. Ora que importa ao vulgo, isto é, à grande maioria do povo, que é quem mais precisa de conhecer os seus deveres, que não haja leis, ou que as leis estabelecidas sejam tão equívocas e confusas que só se consegue uma interpretação verdadeira depois de grande discussão e de longos estudos? E se para conseguir descobrir o seu significado não chega o entendimento simples do povo, nem a vida inteira dos que ocupam o seu tempo somente em ganhar o pão com o suor do seu rosto!

As virtudes dos Utopianos fazem que os povos vizinhos, que vivem em liberdade, pois que há muito os Utopianos os libertaram da tirania, vão pedir à Utopia magistrados por um ano, ou mesmo por cinco anos. Quando o tempo de magistratura termina, reconduzem-nos à pátria, com as honras devidas, e regressam ao seu país com outros para os substituir. Estes povos procedem, sem dúvida alguma, da maneira mais sensata e aconselhável, para a sua nação. Pois, sabendo que a salvação ou a desgraça do bem comum depende dos costumes e da vida dos governantes e magistrados, sabem também que não escolheriam melhores chefes que os Utopianos, que não se deixarão corromper com subornos, porque dentro em pouco, no seu regresso à pátria, o dinheiro deixará de ter para eles qualquer utilidade, nem agirão movidos pela aversão ou pelo afecto, pois, sendo estrangeiros, não conhecem aqueles que governam. Estes dois defeitos, a cobiça e os afectos pessoais, quando influem nos juízos, lesam imediatamente a justiça, que é o mais firme e seguro esteio de um Estado.

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Capa do livro A Utopia
Páginas: 133
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Os capítulos deste livro:
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Capítulo 2 8
Capítulo 3 51