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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 27
e não apenas a extorsão de dinheiro, porque não chamar a essa justiça extrema e rigorosa a suma injustiça. Pois não deve ser consentida legislação tão cruel e dura que por uma pequena e ocasional infracção desembainhe imediatamente a espada justiceira, nem devem ser promulgadas leis tão estóicas que considerem ao mesmo nível todos os crimes e não estabeleçam diferença entre tirar a vida a um homem e tirar-lhe a bolsa. Ora, se respeitámos a justiça, não poderemos, de modo algum, ver qualquer similitude ou grau de igualdade entre estas duas acções.

«Deus ordenou-nos: «Não matarás.» E matamos nós com tanto à-vontade porque um homem se apoderou de algumas moedas!

«Se, alguns acham que o limite a esta proibição divina se situa na consideração que a lei faz da legalidade do acto de matar, porque não determina a lei, de igual modo, a partir de .que ponto passa a ser legal a prostituição e o adultério? Ora, se Deus não deu a homem algum o poder de tirar a vida a outrem, ou mesmo a si próprio, como poderia ficar isento do mandamento divino quem, embora cumprindo uma lei humana, tirasse a vida a outrem? E como se poderia concluir que o poder da lei divina ia apenas até ao limite a partir do qual impera a lei dos homens? E que justiça divina necessita de autorização e legalização da justiça humana? Inferir-se-ia, consequentemente, que, em todos os casos, a lei humana deve determinar até onde deve ir a obediência aos mandamentos divinos. Em resumo, a própria lei de Moisés, lei dura e vingativa, feita para escravos, gente obstinada e embrutecida, apenas punia o roubo com uma indemnização e nunca com a morte. E não pensareis que Deus, na Lei Nova, lei de clemência e misericórdia, que ele ordena como pai, nos dá o direito de sermos cruéis e de pormos em acção essa crueldade para com os outros. Eis pois as razões que me levam

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Capa do livro A Utopia
Páginas: 133
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