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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 46
Os pregadores hábeis e sinuosos, que, suponho, seguiram o caminho que me aconselháveis, vendo os homens pouco dispostos a conformar os seus costumes à doutrina cristã, torceram e vergaram o Evangelho, como se fora uma régua de chumbo, e moldaram-no aos costumes dos homens, com o fim de, ao menos deste modo, terem um ponto em comum. Não vejo qualquer resultado, excepto o de ter dado segurança e estabilidade ao próprio mal.

«Não conseguiria melhores resultados nos conselhos dos reis; porque, ou a minha opinião é contrária à deles, e então é o mesmo que estar calado, ou coincide com a deles e, como Mitio diz numa obra de Terêncio, contribuo para aumentar a sua loucura. Não vejo a que poderá levar o processo sinuoso e hábil em que quereis que me exercite, com o pretexto de que, quando se não pode chegar à perfeição, se deve proceder com habilidade para ao menos atenuar, na medida do possível, o mal.

«Não há, no entanto, dissimulação ou ocultação possível: trata-se de aprovar abertamente conselhos detestáveis e de votar decretos perigosos. E aquele que elogia de ânimo leve deve ser considerado pior que um espião e quase tão nefasto como um traidor. Nem será possível praticar o bem, pois, na companhia de tal gente, mais facilmente um homem honesto se per- verte do que os converte para a virtude. No seu contacto, ou se é corrompido ou, então, a pureza,e a virtude servem de manto à corrupção e à loucura dos outros, sendo-nos atribuída a sua imoralidade. Portanto, não há esperança alguma de transformar o mal em bem, seguindo o vosso processo indirecto e sinuoso.

«Eis a razão por que Platão declarava que os sábios se devem

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Capa do livro A Utopia
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