Que todos os homens deviam possuir e gozar equitativamente os bens e o conforto.
«O sábio Platão previra facilmente que o único caminho para conseguir a felicidade de uma comunidade consistia em estabelecer a igualdade de todas as coisas. Ora, a igualdade é, segundo penso, impossível, pois, enquanto cada um tiver a posse individual e absoluta dos bens, enquanto um indivíduo se arrogar diversos títulos e direitos para chamar a si tudo quanto pode, de modo a que um pequeno número de indivíduos dividam entre si toda a riqueza, por maior que seja a abundância e a prosperidade, a maior parte do povo viverá na miséria e na indigência. E muitas vezes acontece que são estes que mereciam a sorte- dos ricos e não os que entretanto a gozam, pois os ricos são avaros, imorais e inúteis. Em contrapartida, os pobres podem ser simples e modestos. e mais úteis ao Estado pelo seu trabalho diário do que a si próprios. Por isso, estou plenamente convencido que não pode haver distribuição equitativa e justa das riquezas, nem felicidade perfeita entre os homens, a menos que a propriedade seja abolida. Enquanto ela continuar, recairá sobre a grande maioria e a melhor parte dos homens o inevitável e pesado fardo da miséria e do desespero. Sei que pode esse mal ser um pouco aliviado, mas recuso-me a acreditar que possa ser completamente curado. Pois, se se decretasse uma lei que estabelecesse que ninguém podia possuir terras além de uma determinada extensão de solo, e que ninguém poderia possuir uma reserva de dinheiro superior a dada quantia; se se decretasse que nem o rei deveria possuir um poder excessivo, nem os súbditos demasiada riqueza e orgulho, e que os cargos não poderiam ser comprados por meio de suborno ou ofertas, que não deveriam estar sujeitos a compra e venda, nem trazer tais encargos para os funcionários que estes se vejam obrigados a conseguir o