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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 90
ao prazer da comida junta-se a fome; embora não no mesmo grau, pois dos dois a fome é ainda a mais veemente e de permanência mais demorada. Começa antes do prazer e só termina quando o prazer a faz perecer. Deste modo, os Utopianos pensam que se não deve dar grande importância a estes prazeres, a não ser na medida em que são necessários. No entanto, fruem-nos com alegria e agradecem reconhecidos à mãe natureza, que ternamente ligou prazeres tão agradáveis ao uso de funções necessárias e a que eles têm de recorrer continuamente. Como seríamos desgraçados e tristes se, diariamente, apenas conseguíssemos eliminar a fome e a sede à custa de poções amargas e de azedos remédios, como acontece com as outras doenças que mais raramente nos incomodam!

Em contrapartida, estimam em alto grau a beleza, o vigor e a agilidade como os dons mais agradáveis da natureza. Admitem também como prazeres que contribuem para alegrar a vida os derivados do ouvido, da vista e do olfacto, que a natureza criou unicamente para o homem, pois animal algum, além dele, contempla e se maravilha com a beleza e magnificência do universo, ou se impressiona com os diversos sabores, apenas se apercebendo das diferenças entre os diversos alimentos, ou se apercebe das relações, dissonâncias e discordantes harmonias dos sons.

Usam, no entanto, na fruição destes prazeres o princípio de que um prazer menor não deve impedir o gozo de um maior, e que nunca o prazer seja causa de desprazer ou dor, consequência inevitável de todo o prazer desonesto.

Mas desprezar a beleza, desperdiçar o vigor do corpo, converter a sua agilidade em entorpecimento, consumir e enfraquecer as energias corporais por meio de jejuns, prejudicar a saúde, repelindo as sensações agradáveis da natureza, excepto se o desprezo por estes bens for motivado pelo zelo em procurar o bem-estar

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Capa do livro A Utopia
Páginas: 133
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Os capítulos deste livro:
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Capítulo 2 8
Capítulo 3 51