Folhas Caídas - Cap. 8: Capítulo VII Pág. 23 / 80

Capítulo VII

SAUDADES

Leva este ramo, Pepita,

De saudades portuguesas;

É flor nossa, e tão bonita

Não na há noutras devesas.

Seu perfume não seduz,

Não tem variado matiz,

Vive à sombra, foge à luz,

As glórias de amor não diz;

Mas na modesta beleza

De sua melancolia

É tão suave a tristeza,

Inspira tal simpatia!...

E tem um dote esta flor

Que de outra igual se não diz:

Não perde viço ou frescor

Quando a tiram da raiz.

Antes mais e mais floresce

Com tudo o que as outras mata;

Até às vezes mais cresce

Na terra que é mais ingrata.

Só tem um cruel senão,

Que te não devo esconder:

Plantada no coração,

Toda outra flor faz morrer.

E, se o quebra e despedaça

Com as raízes mofinas,

Mais ela tem brilho e graça,

É como a flor das ruínas.





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