Folhas Caídas - Cap. 12: Capítulo XI Pág. 28 / 80

Capítulo XI

PERFUME DA ROSA

Quem bebe, rosa, o perfume

Que de teu seio respira?

Um anjo, um silfo? Ou que nume

Com esse aroma delira?

Qual é o deus que, namorado,

De seu trono te ajoelha,

E esse néctar encantado

Bebe oculto, humilde abelha?

- Ninguém? - Mentiste: essa frente

Em languidez inclinada,

Quem ta pôs assim pendente?

Dize, rosa namorada.

E a cor de púrpura viva

Como assim te desmaiou?

E essa palidez lasciva

Nas folhas quem ta pintou?

Os espinhos que tão duros

Tinhas na rama lustrosa,

Com que magos esconjuros

Tos desarmaram, ó rosa?

E porque, na hástia sentida

Tremes tanto ao pôr-do-Sol?

Porque escutas tão rendida

O canto do rouxinol?

Que eu não ouvi um suspiro

Sussurrar-te na folhagem?

Nas águas deste retiro

Não espreitei a tua imagem?

Não a vi aflita, ansiado.





Os capítulos deste livro