O Primo Basílio - Cap. 4: CAPÍTULO IV Pág. 109 / 414

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E então explicou com uma tagarelice súbita, e cansaços de voz:

- O meu quarto é para a rua, e todos os dias, como eu estou quase sempre pela janela para espairecer... tenho visto aquele rapaz, a modo estrangeirado, entrar para lá... todos os dias! "Este é o Basílio de Brito!" disse eu. Mas a minha mulher que não! Que não!... Que diabo, homem! Eu tinha quase a certeza... Não conheço eu outra coisa!... Até ele esteve para casar com a D. Luísa. Oh! Eu sei essa história na ponta dos dedos... Morava ela na Rua da Madalena!

Sebastião disse vagamente:

- Pois é, é o Brito...

- Bem dizia eu!

Ficou um momento imóvel, fitando o chão, e refazendo uma voz dolente:

- Pois, vou-me arrastando até casa.

Suspirou. E arregalando os olhos:

- Quem me dera a sua saúde, Sebastião!

E dizendo adeus, com um gesto da mão calçada de luva de casimira escura, afastou-se, curvado, rente do muro, conchegando com o braço ao ventre, o seu largo paletó cor de pinhão.

Sebastião entrou preocupado. Todo o mundo começava a reparar, hem! Pudera! Um rapaz novo, janota, vir todos os dias de trem, estar duas, três horas! Uma vizinhança tão chegada, tão maligna!...

Ao começo da tarde saiu. Teve vontade de procurar Luísa; mas sem saber por quê, sentia um grande acanhamento; como que receava encontrá-la diferente ou com outra expressão... E subia a rua devagar, sob o seu guarda-sol, hesitando, quando um cupê que descia a trote largo veio parar à porta de Luísa.

Um sujeito saltou rapidamente, atirou o charuto, entrou. Era alto, com um bigode levantado, trazia uma flor, no peito; devia ser o primo Basílio, pensou. O cocheiro limpou o suor da testa, e, cruzando as pernas, pôs-se a enrolar o cigarro.

Ao ruído do trem o Paula





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