da ciência da riqueza e a sua distribuição, segundo os melhores autores, e como subtítulo: Leituras do serão! Havia apenas meses publicara a Relação de todos os ministros de Estado desde o grande Marquês de Pombal até nossos dias, com datas cuidadosamente averiguadas de seus nascimentos e óbitos.
- Já esteve no Alentejo, Conselheiro? - perguntou-lhe Luísa.
- Nunca, minha senhora - e curvou-se. - Nunca! E tenho pena! Sempre desejei lá ir, porque me dizem que as suas curiosidades são de primeira ordem.
Tomou uma pitada de uma caixa dourada, entre os dedos, delicadamente, e acrescentou com pompa:
- De resto, país de grande riqueza suma!
- Ó Jorge, averigua quanto é o partido da Câmara em Évora - disse Julião do canto do sofá.
O Conselheiro acudiu, cheio de informações, com a pitada suspensa:
- Devem ser seiscentos mil réis, Sr. Zuzarte, e pulso livre. Tenho-o nos meus apontamentos. Por que, Sr. Zuzarte, quer deixar Lisboa?
- Talvez!...
Todos desaprovaram.
- Ah! Lisboa sempre é Lisboa! - suspirou D. Felicidade.
- "Cidade de mármore e de granito", na frase sublime do nosso grande historiador! - disse solenemente o Conselheiro.
E sorveu a pitada com os dedos abertos em leque, magros, bem tratados.
D. Felicidade disse então:
- Quem não era capaz de deixar Lisboa nem à mão de Deus Padre, era o Conselheiro!
O Conselheiro, voltando-se vagarosamente para ela, um pouco curvado, replicou:
- Nasci em Lisboa, D. Felicidade, sou lisboeta de alma!
- O Conselheiro - lembrou Jorge - nasceu na Rua de São José.
- Número setenta e cinco, meu Jorge. Na casa pegado àquela em que viveu, até casar, o meu prezado Geraldo, o meu pobre Geraldo!
Geraldo, o seu pobre Geraldo era o pai de Jorge. Acácio fora o seu íntimo.