A Década Perdida - Cap. 3: O MENINO RICO Pág. 121 / 182

Na varanda de ripas cruzadas do Breakers duzentas mulheres davam passos para a direita, davam passos para a esquerda, rodopiavam, deslizavam nessa ginástica rítmica' então célebre, conhecida por «double-shuffle», enquanto a meio tempo com a música 2000 pulseiras tilintavam em 200 braços.

Já de noite, Paula, Lowell Thayer, Anson e um quarto parceiro de ocasião jogavam bridge no Everglades Club. Parecia a Anson que o rosto dela, sério e afável, estava pálido e cansado; ela já frequentava a sociedade havia quatro, cinco anos. Ele conhecia-a havia três.

- Duas espadas.

- Um cigarro?... Oh, desculpem. Eu passo.

- Passo.

- Dobro três espadas.

Havia uma dúzia de mesas de bridge no salão cheio de fumo. Os olhos de Anson encontraram os de Paula e prenderam-nos insistentemente, mesmo quando o olhar de Thayer surgiu entre eles...

- Qual foi a voz? - perguntou ele abstracto. «Rosa de Washington Square»

cantavam os jovens pelos cantos:

«Ali eu vou definhando

em ares impuros»

O fumo acumulava-se como nevoeiro e, quando se abria uma porta, o salão ficava cheio de redemoinhos de ectoplasma. «Olhinhos Brilhantes» deslizavam por entre as mesas à procura de Mr. Conan Doyle entre os senhores ingleses que estavam pelo vestíbulo em atitude de senhores ingleses.

- Podia cortar-se à faca.

- Corta-o à faca.

- Uma faca.

No fim do róber Paula levantou-se de súbito e falou a Anson numa voz tensa e grave. Mal olhando para Lowell Thayer, saíram pela porta e desceram um longo lanço de escadas de pedra; num instante estavam caminhando de mãos dadas ao longo da praia iluminada pelo luar.

- Meu amor, meu amor... - Beijaram-se com ousadia, com paixão, numa sombra... Então Paula retirou o rosto para trás para que os lábios dele pudessem dizer o que ela queria ouvir; podia sentir as palavras formarem-se enquanto se beijavam de novo.





Os capítulos deste livro