Chegou a tirar um prazer indirecto dos casamentos felizes, e a ser levado a uma melancolia igualmente agradável pelos que se desfaziam. Não se passava uma estação sem que testemunhasse o fim de um romance que, talvez, ele próprio apadrinhara. Quando Paula se divorciou e quase imediatamente voltou a casar com outro natural de Boston, falou comigo a respeito dela durante uma tarde inteira. Nunca amaria ninguém como amara Paula, mas insistia em que já não estava interessado.
- Nunca me casarei - dizia; - já vi demasiado, e sei que um casamento feliz é uma coisa rara. Além de que estou velho demais.
Mas acreditava no casamento. Como todos os homens saídos de um casamento feliz e bem-sucedido, acreditava nele apaixonadamente, e nada do que vira modificaria a sua crença, na qual. o seu cinismo se dissolvia como ar. Mas achava realmente que estava velho demais. Aos vinte e oito anos começou a aceitar com serenidade a perspectiva de casar sem amor romântico; escolheu resolutamente uma rapariga de Nova Iorque da sua classe, bonita, inteligente, com gostos semelhantes e irrepreensível, e decidiu apaixonar-se por ela. As coisas que dissera a Paula com sinceridade, a outras com graça, já de todo não podia dizê-las sem sorrir, ou com a força necessária para convencer.