- Que tal uma bebida? - sugeriu ele.
Entrámos no bar com aquele sentimento provocador que caracteriza o dia da partida e pedimos quatro Martinis, Depois de um «cocktail» operou-se nele uma mudança; de repente estendeu o braço e bateu-me no joelho, como o primeiro sinal de jovialidade que lhe vi durante meses.
- Viste a rapariga de gorro vermelho? - perguntou. - Aquela corada que tinha lá em baixo dois cães-polícias a despedirem-se.
- É bonita - concordei.
- Perguntei no escritório do comissário de bordo e descobri que vai sozinha. Daqui a pouco desço para falar com o chefe de mesa. Esta noite vamos jantar com ela.
Daí a pouco deixou-me e dentro de uma hora passeava-se com ela pelo convés, falando-lhe na sua voz forte e clara. O gorro vermelho era uma mancha de cor alegre contra o mar cinzento-aço, e de vez em quando ela olhava para cima com um movimento rápido de cabeça e sorria divertida, interessada e na expectativa. Ao jantar bebemos champanhe e estivemos muito alegres; depois, Anson jogou bilhar com entusiasmo contagiante, e várias pessoas que o tinham visto comigo vieram perguntar-me como se chamava.