A Década Perdida - Cap. 1: O PRIMEIRO DE MAIO Pág. 42 / 182

Bem vês, é o 1º de Maio.

- E aqui as desordens foram graves?

- Nem por sombras - disse ele desdenhoso. Cerca de uns vinte e cinco pararam na rua por volta das nove horas e desataram a berrar à lua.

- Olha - mudou ela de assunto - estás contente por me ver?

- Ora, claro que sim.

- Não pareces.

- Mas estou.

- Suponho que achas que sou uma inútil. Uma espécie de borboletazinha tonta!

Henry riu-se.

- De maneira nenhuma. Diverte-te enquanto és nova. Porquê? Pareço do género presumido e sério?

- Não - e fez urna pausa - mas comecei a pensar corno o partido onde estou é diferente de todos os teus objectivos. Parece um tanto incongruente, não parece? Eu num partido assim e tu trabalhando por urna coisa que tornará esse partido impossível para sempre, se as tuas ideias resultarem.

- Não vejo as coisas assim. És jovem e actuas exactamente da maneira corno te ensinaram que devias actuar. Continua, diverte-te.

Os pés dela, que tinham estado balouçando indolentemente, pararam e a voz descaiu um tom.

- Quem me dera que tu voltasses para Harrisburg e te divertisses. Tens a certeza de que estás no bom caminho?

- Tens urnas lindas meias - interrompeu ele. - De que diabo são feitas?

- São bordadas - respondeu ela olhando para baixo. - Não são giras? - Levantou a saia e descobriu as barrigas das pernas elegantes, envoltas em seda. - Ou será que desaprovas as meias de seda?

Ele pareceu um tanto irritado e cravou nela os olhos escuros e penetrantes.

- Estás a tentar insinuar que, de certa maneira, te critico, Edith?

- Não estou de todo.

Fez urna pausa; Bartholomew tinha emitido um grunhido. Ela voltou-se e verificou que ele saíra da secretária e se pusera à janela.

- O que é? - perguntou Henry.





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