O Grande Gatsby - Cap. 2: Capítulo II Pág. 29 / 173

Vários números antigos do Town Tattle estavam em cima da mesa à mistura com um exemplar de Simon Called Peter e algumas das revistas de pequenos escândalos da Broadway. A senhora Wilson estava, primeiro que tudo, preocupada com o cão. Um rapaz do elevador foi, contrariado, buscar uma caixa cheia de palha e leite, a que, por iniciativa própria, juntou uma lata de biscoitos para cães, grandes e duros - um dos quais ficou a decompor-se apaticamente, toda a tarde, no pires de leite. Entretanto, Tom foi a um armário, que estava fechado à chave, e trouxe de lá uma garrafa de uísque.

Embebedei-me, em toda a minha vida, duas vezes apenas e a segunda foi precisamente nessa tarde; por isso, tudo o que então se passou permanece envolto num matiz enevoado e sombrio, muito embora depois das oito horas o apartamento continuasse inundado de alegre sol. Sentada no colo de Tom, a senhora Wilson convidou várias pessoas pelo telefone; depois, como já não havia cigarros, saí para os comprar no drugstore da esquina. Quando voltei, tinham ambos desaparecido e, assim, sentei-me discretamente na sala de .estar a ler um capítulo de Simon Called Peter - ou o assunto era, de facto, pavoroso, ou era o uísque que distorcia as coisas, porque nada daquilo fazia sentido para mim.

No mesmo momento em que Tom e Myrtle (depois do primeiro copo, a senhora Wilson e eu passámos a tratar-nos pelos nomes próprios) voltaram a aparecer, começavam as visitas a chegar à porta do apartamento.

A irmã dela, Catherine, era uma rapariga esguia e mundana à volta dos trinta, de cabelo ruivo cortado, farto e viscoso, e uma compleição branca de pó-de-arroz. Tinha as sobrancelhas depiladas e desenhadas por cima a um ângulo mais audacioso, mas os esforços da natureza tendentes à reposição do antigo alinhamento conferiam ao seu rosto uma aparência indefinida.





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