- Sim, Charlotte veio ontem com o pai. Que homem agradável este Sir Williams, não acha, Mr. Bingley? É um homem tão moderno, tão educado, tão gentil... Para todo mundo ele sempre tem alguma coisa que dizer. É assim que eu entendo a boa educação. E essas pessoas que se imaginam muito importantes e nunca abrem a boca estão inteiramente enganadas.
- Charlotte jantou lá em casa?
- Não, preferiu ir embora. Creio que estavam precisando dela por causa dos croquetes. Quanto a mim, Mr. Bingley, sempre tomo criados que sabem fazer os seus serviços. Minhas filhas são educadas de modo diferente. Mas cada um sabe o que faz... E as meninas Lucas são realmente muito boas meninas, posso lhe assegurar. É pena que não sejam bonitas. Não que eu ache Charlotte assim tão feia; mas também ela é nossa amiga particular.
- Ela parece uma moça muito agradável - disse Bingley.
- Oh, decerto, mas o senhor precisa reconhecer que ela é muito pouco graciosa. A própria Lady Lucas já o tem dito muitas vezes. Disse também que muito me inveja a beleza de Jane. Não gosto de me gabar das minhas filhas, mas, para dizer a verdade, Jane... Não é muito frequente a gente ver uma moça mais bonita. É o que todos dizem. Não confio inteira-
mente nessa parcialidade. Quando ela tinha apenas quinze anos, havia um cavalheiro que frequentava a casa de meu irmão Gardiner, em Londres. Ficou tão apaixonado por ela que minha cunhada teve certeza de que ia fazer uma proposta antes de nos mudarmos para cá. No entanto, não fez. Talvez a julgasse muito jovem. Apesar de tudo, escreveu-lhe uns versos, que aliás eram muito bonitos.
- E assim acabou a afeição daquele senhor - disse Elizabeth, impaciente. - Suponho que tenha havido muitos no mesmo caso. Eu queria saber quem descobriu a eficácia que tem a poesia de afugentar o amor.