A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 3: A AVENTURA DA CAIXA DE CARTÃO Pág. 44 / 210

- Mas para quê fazerem-me perguntas, se eu já lhe disse que não sei nada acerca disto?

- Compreendo, minha senhora - disse Holmes, apaziguador. - Calculo como já foi mais do que incomodada por causa deste caso.

- Se fui, sir! Sou uma mulher pacata e levo uma vida retirada. Nunca passei pela experiência de ver o meu nome nos jornais e a polícia em minha casa, Não quero aquelas coisas aqui, Mr. Lestrade. Se pretende vê-las, veja-as lá fora!

Era um pequeno alpendre no jardim acanhado, atrás da casa. Lestrade entrou e reapareceu com uma caixa de cartão amarelo, um pedaço de papel pardo e um cordel. Havia um banco no extremo do caminho, e sentámo-nos enquanto Holmes examinava, um por um, os objectos que Lestrade lhe passara.

- Esta cordel é extremamente interessante - observou, erguendo-a luz e cheirando-a. - Que acha deste cordel, Lestrade?

- Foi alcatroado.

- Precisamente. É um pedaço de cordel alcatroado. Reparou também, sem dúvida, que Miss Cushing o cortou com uma tesoura, como se vê pelas extremidades. Isto é importante.

- Não vejo porquê - disse Lestrade.

- A importância reside no facto de o nó ter ficado intacto, e este nó é especialíssimo.

- Está muito bem feito. Já tinha notado - disse Lestrade, complacente.

- Examinado o cordel - prosseguiu Holmes, sorrindo -, vejamos o papel. Papel pardo, cheirando distintamente a café. Quê, não deu por ela? E indubitável. Endereço escrito em caracteres bastante irregulares: «Miss S. Cushing, Cross Street, Croydon». Com uma pena de aparo grosso e tinta de má qualidade. A palavra «Croydons» foi inicialmente escrita com um «i», depois mudado para «y». A encomenda foi, portanto, enviada por um homem (a caligrafia é claramente masculina) de educação limitada e desconhecedor da cidade de Croydon.





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