A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 3: A AVENTURA DA CAIXA DE CARTÃO Pág. 47 / 210

Uma meada que temos de deslindar.

Falava em voz alta e rápida, fitando, sem ver, a cerca do jardim, Pôs-se bruscamente de pé e encaminhou-se para a casa. Tenho umas perguntas a fazer a Miss Cushing- disse.

- Então vou deixá-lo - respondeu Lestrade - porque tenho outro caso entre mãos, coisa mais simples. Penso que Miss Cushing já não pode dizer-me mais nada de novo. Encontrar-me-á na esquadra.

- Passaremos por lá a caminho da estação - disse Holmes.

Um momento depois estávamos ambos outra vez na sala da frente, onde a impassível senhora continuava tranquilamente a trabalhar na cobertura da cadeira. Pousou-a no regaço quando entramos e fitou-nos com os seus francos e curiosos olhos azuis.

- Estou convencida, sir, de que tudo isto é um erro, que a encomenda não me era destinada. Disse isto várias vezes ao cavalheiro da Scotland Yard, mas ele riu-se. Não tenho um único inimigo no mundo, que eu saiba; por que haveria: alguém de me pregar uma partida assim?

- Sou cada vez mais da sua opinião, Miss Cushing - disse Holmes, sentando-se ao lado dela. - É mais do que provável, penso…

Interrompeu-se e surpreendi-me, ao olhar em redor e ver que ele fitava com singular intensidade o perfil da senhora. Surpresa e satisfação foi ,o que, por um instante, pude ler no seu rosto ansioso; embora, quando ela o procurou com os olhos para descobrir a causa do seu silêncio, apresentasse a, sua impenetrável expressão de sempre. Eu próprio me concentrei no cabelo liso e grisalho de Miss Cushing, na sua touca impecável, nos seus pequenos brincos dourados, nas suas feições plácidas - mas nada vi que explicasse a evidente excitação do meu companheiro.

- Há uma ou duas perguntas…

- Oh, estou farta de perguntas! - exclamou Miss Cushing, impaciente.





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